Sopa de Letrinhas...

Simplesmente poemas e poesias, minhas, simples, mas sinceras... ou nem tanto assim... (os desenhos aqui contidos tb são meus)

terça-feira, 30 de agosto de 2005

Almas doentias

Meus doces sonhos novamente se foram.
Aquele fantasma volta a me atormentar.
Pensei que sua alma estivesse adormecendo no céu.
Imaginei que estivesse descansando em paz.
Mas ele voltou e não do paraíso.
Voltastes das profundezas da terra.
Onde nenhuma alma jamais se libertou.
Mas quando o desejo fala mais alto.
A força cede. As barreiras são ultrapassadas.
Esta alma ressuscitou
E teima em me desesperar.
Porque voltou quando já estava esquecendo?
Será que terei sempre que levar comigo
A lembrança de sua face gélida,
Sua vida hipócrita e coração doentio.
Porque então, já que voltaste,
Não se entrega e volta de corpo inteiro?
Porque vir por meio de outros corpos.
Outra boca, outra voz.
Apareça para mim, à minha frente.
E me faça acreditar que realmente vai voltar.
Para sempre. Que não vai me decepcionar.
Que vai me amar e me matar.
Trazer-me de volta à vida
E deixar minha alma, no momento certo,
Padecer a seu lado para sempre, meu amor
.

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

Carta aos mortos

Acordei ao som da chuva que caía melancolicamente sobre a cidade, estava um pouco frio, então resolvi procurar algo com o qual pudesse me aquecer.
A escuridão pairava em meu quarto fazendo com que cenas de terror barato se refletissem em minha parede. O rádio-relógio marcava exatas 3 da manhã, o vermelho perturbador e ofuscante enfurecia meus olhos. Ele me trouxe a lembrança daquela noite novamente, meu amor, aquela em que te perdi. Isso me ascendeu vontade de escrever esta carta a você. A colocarei em seu túmulo para que esteja sempre a seu lado e que possas ter certeza sempre que desejar, que eu te amo e jamais te esquecerei.
Estranho, acabo de ouvir um barulho, mas estou sozinho em casa, aguarde um minuto, logo voltarei, só vou verificar o que está acontecendo...
Ahhhhhh!!
Meu amor desculpe a demora e a letra que agora não está muito legível. Serei breve, pois não sei quanto tempo ainda me resta de vida, minha respiração está ofegante e não consigo ver o que escrevo, apagaram as luzes.
Ocorreu-me que um senhor, que não pude ver o rosto, invadiu minha casa e ao descer as escadas, encravou-me uma faca às costas. Bem, não tive forças para ir até ele que seguiu em direção à cozinha, provavelmente destruir as provas do crime. Antes de partir ele me disse algo a seu respeito, acho que era: “Ela morreu e pagou por sua irresponsabilidade e se ama-a tanto quanto sempre afirma, já é tempo de ir se encontrar com ela.” E saiu.
Sei que não devia dirigir embriagado, mas não tive culpa daquele carro ter invadido a contra mão. Desculpe meu amor, logo estarei aí com você e poderei novamente abraçar-lhe.
Creio que não poderei colocar esta carta onde antes planejei, então deixarei-a comigo e levarei até você para que saiba que até na morte desejo e amo você.
Espere mais um minuto, tem um carro dando a partida. Já volto...
...amor, você tem que ser forte, acabo de ver o rosto de meu assassino. Se lembre, ele não é culpado, talvez ele também não tenha suportado te perder. Acho que não consigo escrever por mais tempo. Está difícil respirar. Bom, aquele homem era...
...seu pai.

sábado, 27 de agosto de 2005

Desespero


Nuvens de prata encobrem o céu,
Escurecem meu dia.
O sol não brilha mais,
Está frio, nem mesmo o fogo me aquece.
O vento sopra em meu rosto,
Sinto seu perfume vir com ele.
Sinto a frieza de seus sentimentos.
Cai a noite
O negro dela me lembra seus olhos.
Parece-me um abismo
E nele me jogo sem pensar.
Afogo-me no breu de seu amor.
Caio assim num infinito de obsessão.
Posso sentir seu toque, suas mãos na minha.
Dizendo que segure firme,
Que jamais deixe de acreditar
Que estará sempre a meu lado,
Que segurará em minhas mãos,
Que mesmo na mais fria das noites,
Poderei assim, sentir seu calor,
Seu amor.
Volto a mim e te vejo a minha frente.
Deitada, fria, imóvel.
O dia esta nublado.
Uma lágrima quente escorre sobre minha face.
Vejo-a cair levemente e tocar suavemente sua face gélida.
O vento sopra novamente,
Congelando não só aquela lágrima em sua face,
Junto a ela, congela também todo meu amor.
Todo o meu sentimento.
Sinto uma pontada em meu coração.
Já não consigo mais te ver.
Onde estará meu amor?
Só te vejo em pensamentos.
Mas como? Eles também já não fazem mais sentido.
Está tudo tão frio.
Não sinto mais meu corpo.
Só percebo que estou deitada, caída sobre seu peito,
Adormecida para sempre a seu lado, meu amor.